Roteiro de jardins rurais em Victor Graeff, RS, Brasil: jardinistas por vocação! ou ... a metamorfose das agricultoras

Autores

  • Claudia Petry

DOI:

https://doi.org/10.14295/rbho.v19i1.642

Resumo

Nos anos 1970, nesta região gaúcha houve considerável êxodo rural e movimento de migração em direção ao norte do Brasil. A erosão altamente destrutiva obrigou à adoção de algumas ações estatais emergenciais, como o manejo integrado de microbacias locais. Na crise, o que predetermina uma comunidade rural permanecer no local de origem familiar? E para se organizar para ser visitada? Como um técnico pode auxiliar nesta organização? Como o paisagismo pode auxiliar? Algumas respostas à estas questões serão abordadas neste estudo de caso sobre o roteiro turístico dos jardins rurais de Victor Graeff, RS, Brasil. Será apresentado um breve histórico desse processo com quase quinze anos desde sua concepção, alguns técnicos envolvidos, a infra-estrutura básica, as dez agriculturas engajadas no processo inicial e as atuais sete associadas, assim como seus anseios de bem-estar e de qualidade de vida expressos nessas suas criações particulares. Preliminarmente, constata-se que para bem recepcionar o olhar exterior (o turista) é necessário uma elevada autoestima, e o constante cultivo desta, além dos cuidados com a aparência estética dos jardins. Além disso, o técnico deve garantir a manifestação das motivações individuais, pois sem estas, não há um processo coletivo de turismo com sucesso, valorizando o ineditismo e o localismo. E vice e versa, poder se expressar probamente alimenta corretamente a autoestima. A terceira constatação é que se trata de um processo, caminho a ser percorrido e sendo assim, há constantes reavaliações e retomada de decisões. É artifício e processo dinâmico, como a própria vida. Em cada civilização afloram expressões de uma cultura jardinista e paisagista nos jardins privados, mesmo os periurbanos e rurais, onde se opõem e se complementam o artifício e o natural, enriquecendo de sentido o imaginário da vida cotidiana. O caso destas habitantes paisagistas, jardinistas rurais, nos demonstra que o principal objetivo foi alcançado: o de permanecer na zona rural com qualidade de vida, com distinção e orgulho por sentirem-se parte de um modelo de vida por elas construído, digno de ser visitado.

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Publicado

2013-08-15

Edição

Seção

Palestras